quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Re-amar!


"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar. "

De verdade, eu nem consigo descrever o quanto eu gosto desse texto. Concordo com cada palavra. Ah, Caio...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ria.

"Porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça a doer demais: invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada".
"Deus é Naja" em Pequenas Epifanias.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Você tem um cigarro?"

"Restava acender outro cigarro, e foi o que fez”

"- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar...
- Eu também. Mas queria ter uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
  - Eu! "

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mais.


"Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde.Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."

Preciso de pouco. Tenho muito. Quero tudo (e mais).
*Me desculpem por não postar no sábado. Pra quem não sabe, sou vestibulanda esse ano, e me perdi nesse fim de semana pra tentar entrar na USP. Torçam por mim, please! rs 

sábado, 20 de novembro de 2010

Tentando deixar as coisas mais bonitas...




"Tente, sei lá. Tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores. E eu não estou fazendo nada de errado. Só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas."

sábado, 13 de novembro de 2010

Tempo.

"O tempo que temos, se estamos atentos, será sempre exato."


"Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão - escudo."

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido."


"[...] E eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique, a gente constrói qualquer coisa, até um castelo."

"Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa : te amo tanto.."

"Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um caminho."


"E se é verdade que o tempo não volta, também deveria ser verdade que os amigos não se perdem."


"Você foi lindo comigo. E distante. Me deu apoio, não o ombro. Queria tanto ter chorado a dor enorme no ombro de um amigo. Não temos tempo: somos maduros. Onde será que isso começa?

"Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou..."


"Tempo, faz tanto tempo, repetem - esquece."


Já sabia nosso querido Caio que o tempo tem outras funções além de curar feridas...

sábado, 6 de novembro de 2010

Fé.


"Porque fé, quando não se tem, se inventa."

"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que me leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso"

"Não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais auto destrutiva do que insistir sem fé nenhuma?"

"Os Sobreviventes" em Morangos Mofados.

De um lado, um Caio que deseja a fé e espera que as pessoas acreditem, apesar de tudo, nas coisas bonitas da vida. De outro, um Caio auto-destrutivo, "sem fé nenhuma". Nada como ter a liberdade do paradoxo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sejam bem-vindos!

Depois de muito tempo guardando textos e trechos em arquivos, resolvi colocar tudo que tenho sobre Caio em um blog. Não seguirei um padrão. As vezes textos inteiros, outras somente frases, vai depender do meu estado de espírito diário. Nascido em Santiago, no dia 12 de Setembro de 1948, Caio Fernando de Abreu era virginiano assim como a admiradora que lhes escreve, talvez por isso a identificação seja tão grande.
De qualquer forma, apresento-lhes o primeiro texto - um trecho dele, na verdade - que li.

"Mas eu quero mais é aquilo que não posso comprar. Nem é você que eu espero, já te falei. Aquele um vai entrar um dia talvez por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho. Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. é por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado comigo: um dia eu encontro."
  Dama da Noite, em Os Dragões Não Conhecem o Paraíso.

Todos nós procuramos Caio, uns encontram e outros tantos perdem.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...