terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Mesmo assim era bom viver."



"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Agosto...


Há dois anos atrás, postei aqui um trecho do Caio Fernando Abreu sobre o mês de Agosto. De lá pra cá muita coisa aconteceu, algumas ruins mas a maioria muito boas! Sou apaixonada pelo texto e nesse ano vou compartilhar ele inteirinho com vocês! 




"Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.
Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema , real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos. 
Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos ou precauções úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade...Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo ZAP!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.
Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se avida não deu, ou ele partiu sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. emoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados. Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques, tudo isso ajuda a atravessar agosto. 
Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire , a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas- coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos. Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.

(crônica escrita em AGOSTO de 1995, O ESTADO DE SÃO PAULO)


Espero que todos consigam atravessar Agosto sem maiores problemas!
Tenham uma ótima semana,
Beijos!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Toma, faz o que quiser!



"Tinha esquecido do perigo que é colocar o seu coração nas mãos do outro e dizer: toma, faz o que quiser."

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Você acha nosso amor pode fazer milagres?




"― Você acha que o nosso amor pode fazer milagres?
― Eu acho que o nosso amor pode fazer tudo aquilo que quisermos."


Quem disse que não, right?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vai passar..



"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo como 'estou contente outra vez'."

Eu realmente espero que passe, se possível 'dentro de uma semana'..

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

15 anos sem Caio Fernando de Abreu.

Pois é, hoje (25 de Fevereiro), faz 15 anos que a literatura - e todos nós - perdemos o nosso querido Caio Fernando Abreu. O jornalista Luiz Felipe Reis, em Setembro de 2009, postou em seu blog, Radar (aqui), um belíssimo texto sobre um possível documentário sobre Abreu. Há uma peça baseada nos textos do escritor em cartaz esse fim de semana em São Paulo (post anterior). No twitter, a hashtag #CFA entrou para os Trending Topics, provando a existência de muitos fãs Brasil afora, que além de sentirem falta, são dedicados. Jornais como Estado de S. Paulo (aqui) e Folha de S. Paulo (aqui) publicaram em suas edições de hoje matérias sobre os 15 anos da morte do Caio. Todas essas homenagens servem para lembrarmos os motivos pelos quais admiramos esse grande escritor. Deixo aqui o trecho do Caio que mais gosto nesse momento, e se possível, adoraria se vocês compartilhassem seus trechos preferidos também.



"E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário, por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda."

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Espetáculo do Caio, em São Paulo!




Boa noite, loucos! O post de hoje não terá nenhuma citação do Caio em destaque, pois venho por ele informar aos fãs residentes de São Paulo, que estréia nessa sexta-feira (25) o espetáculo "Lixo e Purpurina" do autor no Sesc Pompéia, na capital. Segue a matéria do site Catraca Livre.
 

Espetáculo de Caio Fernando Abreu em cartaz no Sesc Pompeia

11/02/11

De 25 de fevereiro a 3 de abril fica em cartaz no Sesc Pompeia o espetáculo “Lixo e Purpurina” do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu. Um espetáculo sobre descobertas, solidão e dor.
Baseada em obra homônima e no texto anotações sobre o amor urbano, ambos do escritor de Caio F. (1948 – 1996), a peça proporciona a busca pelo autoconhecimento com a história de um jovem e suas experiências em terras estrangeiras.
Nos anos 70, Caio F. se exilou em Londres, onde se deparou com dificuldades de adaptação a um novo espaço e uma nova língua. A sensação de estrangeirismo em todos os sentidos, a precariedade, em decorrência da falta de dinheiro, além de sentimentos ambíguos e saudosos do Brasil, da família e dos amores do passado, do presente e possivelmente do futuro, pontuaram o tempo em que o escritor esteve fora do Brasil.
Foi a partir dessa necessidade de comunicação que ele escreveu um diário, mistura de ficção e realidade como afirmou o próprio autor. A problemática das relações humanas e o enfretamento da solidão são temas recorrentes em Lixo e Purpurina e em toda literatura deste grande autor, um dos principais nomes da geração de contistas brasileiros das décadas de 70 e 80.
O texto base para a adaptação se passa nos anos 70, mas a encenação dialoga tanto com aquela época como com a atual. O jovem retratado na peça vive em estado de mudança constante, apresentando ao público um painel de transformação, amadurecimento e inquietações atemporais.


Informações
O Que: Lixo e Purpurina
Quando: de 25/02 a 03/04
Domingos às 19:00
Sextas e Sábados às 21:00
Quanto: R$ 12*
Onde: Sesc Pompeia 
http://www.sescsp.org.br
Rua Clélia, 93 – Pompéia
(11) 3871-7700


Obs: *R$ 6 (usuário matriculado no Sesc e dependentes, maiores de 60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino). R$ 3 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes). Não recomendado para menores de 14 anos.


Quem quiser (e puder), vamos conferir? Fica a dica.
Beijos

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Let it be!




"Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco... "


Para ler ouvindo: The Beatles - Let it be

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Re-amar!


"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar. "

De verdade, eu nem consigo descrever o quanto eu gosto desse texto. Concordo com cada palavra. Ah, Caio...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ria.

"Porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça a doer demais: invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada".
"Deus é Naja" em Pequenas Epifanias.
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